Aviso:

Para melhor visualização, use o navegador Mozilla Fire Fox

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Pintura

1

(arquivo de foto)
Eu sei que se tocasse
com a mão aquele canto do quadro
onde o amarelo arde
me queimaria nele
ou teria manchado para sempre de delírio
a ponta dos dedos.
(Ferreira Gullar)

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A mesma e você

1

( Foto: Google)


Sei que agora você está feliz “demais” para poder me ouvir. São muitos os erros, mas eu queria saber onde estão teus olhos para revelar-te um segredo. Ela não é Ela. Você não é Você... uma prova? O “demais” que você quase nem fala, não é “demais por amor dela”. Ela não é Ela. O “demais do seu amor” tem um olho branco e outro vermelho, assim como o amor dela. Mas enquanto o “demais do seu amor” tem o olho direito branco e o esquerdo vermelho, o amor dela tem o olho direito vermelho e o esquerdo branco. Por isso, qualquer argumento que você usar é “demais” ao se chocar até com o último obstáculo pensado em anular qualquer teoria que você fale, deseje, pense, chore ou ria. Apesar da extraordinária coincidências que se mostram como provas definitivas, você e Ela não são os mesmos... É “demais” você pensar que Ela é Ela, e é “demais” Ela pensar que você é você. É bem possível que você pense que Ela é Ela por lembrar de quando Ela pediu para que você colocasse sua maleta no bagageiro e que Ela pense que você é você quando Ela lhe deu permissão para fumar...Veja só, eu (a mesma), não tenho interesse em fazer confusão, eu não sei de nada...Quem é você, quem é Ela? Nem preciso saber se realmente não sei o “meu”lugar, se tudo que “não” aconteceu entre nós, deixo agora como está, vivo como antes,tratando de me perder mais. Você não pode me ouvir...Mas eu ouço você...tudo é subjetivo... É minha concepção do mundo...Meu sonho. A mesma que era a mesma, dentro de exatamente um quarto(das minhas horas) e seu exibido “demais” relógio inglês, era a mesma, quando mesma, tão Eu bebi tua água inglesa explicando sentimentos inexplicáveis sem pudores britânicos, era a mesma, tão pequena ponteira dentro do espelho do teu relógio, a recitar-lhe nos arredores seus poemas sem pressa,uma Lerette num verdadeiro quarto de horas cartesiano.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

And

1


Você estava e eu cheguei
Você saiu e eu fui
Eu voltei e você veio
Eu vim e você parou
Que idéia foi aquela? Ao mesmo tempo..
Um gosto doce desacatou um coração que pulava
Sob a roupa molhada colavam palavras sobre palavras
Meu sonho ressoou como pés que nunca evitaram poças salgadas
Vi claro, como lua mansa um fiapo no traço nu do seu rosto
Não importa!
Comemos a torta de Bom-Bom num momento que não era o fim...
Mas parecia ser..

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Inscrição

1

Tudo devidamente cadastrado, porque dizem e me ensinaram “é anti-científico confiar na memória”.Daí a importância do “cadastro”, é um referencial (percepto , imagem, memória),e separado em fichas: miologia, osteologia e toda a “gia” com gabaritos: unhas, cabelos, pescoço, lóbulo...Engraçado, as vezes um lóbulo é tão essencial ou é todo um referencial da orelha...Mas ali, diante dos meus olhos(um mundo que só eu enxergo) uma rara voz, avulsa, mais corda vocal do que peito, pediu-me a caneta com a mão rosada na palma, no dorso mulato, no rosto um idoso com espírito de doador da medula óssea, pretendendo preencher o “cadastro”... Explicado que não poderia (devido a idade), a expressão triste tomou-lhe a face, despediu-se e enrolou os documentos que estavam em suas mãos num maçinho da carteira; lento seu braço fez um ângulo para abrir o guarda-chuva...Sem cadastro, sem idade, sem preconceitos ou títulos, sem querer deixar impressão falou uma regra luminosa”Te logo, fiquem com Deus”. Dentre as semelhanças e diferenças, pensei nele a caminhar com sua boina na chuva fina que descia do céu e como sua altura se igualava as sombrinhas por todos os lados . Ele tentou aumentar em mais “UM” o Registro Nacional de Doadores no Brasil, que é o segundo em numero absoluto de transplantes de órgãos e tecidos do mundo, não se importando com tempo nenhum (idade ou meteorologia). Faltou-lhe algum detalhe a mais na informação sobre a boa vontade de ser um voluntário, mesmo assim já é excelente, depois que a CPI do tráfico de órgãos deu transparência quanto aos hospitais que fazem o transplante, quanto aos laboratórios autorizados para exames e relação das pessoas que já morreram e as que aguardam a busca pela medula, e quanto a possibilidade de ser um doador declarado em condições aptas por morte cerebral ou corporal, a lei dá respaldo e fica esclarecido: O transplante só poderá ser efetuado se a família concordar. Ser um doador é acreditar em vida na vida...