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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Apesar de...

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...Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, espararei quanto tempo for preciso.

Clarice Lispector

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Prá guardar no coração

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Apoio o queixo na mão esquerda, olho este video e tento achar o nome da “sensação do encontro dos meus ouvidos com as palavra/canção que alegram meu coração . Palavras, que preenchem o vazio de cada letra prensada por dentro da minha pele.
Dentro do meu corpo onde o escrito é ao contrario, se o olhar é de fora pro osso. Tenho um mórbido impulso de arrancar de mim e deixar tudo em carne viva...Mas, não sou poetisa, penso:” já não estou?” então o ar que era fresco queima o sangue nos meus seios... Taquicardia e a unha no dente arranca do meu peito a dor, exposta, agora é só nervo em desapego com cada músculo, mole feito barulho de água em planta... aumenta, aumenta, continua, sem dó de continuar acreditando que minha paixão compulsória fará alguem olhar prá dentro dos meus olhos duas vezes, falar da chuva que sempre chega, que me arranque do chão e que chacoalhe todas minhas certezas quando acredito que sou melhor ou pior nas decepções, nos questionamentos, nas surpresas da vida. Adélia, neste vídeo me salva da minha ignorância que tem me arrebentado e tem me inundado, gritante. Ficou claro prá mim que na vida existe um período em que nossas expectativas e esperanças terão um peso enorme na direção do presente que é agora...Se compartilharmos o futuro com bons olhos e compartilhar sempre com os outros.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Sempre meio- dia, sempre.

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Mais uma vez meio-dia. O tempo cinza, eu lenta e a chuva fina caía...Lenta olhei tudo como se tivesse fumaça, tremendo e sem ar...Uma chuva que não encharcou meus poros como se fossem perguntas porque não encheu meus ouvidos com seus barulhos, que não chamou minha atenção porque eu não soube mais misturar meus pés na ciranda louca das poças. Nada me absorve nos instantes dos meus dias, dias meio, sempre que já não dizem mais de você prá mim, estes que cheios de mim (insones) o tempo inteiro.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Reflexos

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Não fui uma mulher de quarenta anos a vida toda e descalça pareço ainda mais baixa do que imagina. Por cima do seu ombro, o seu rosto, visto pelo canto dos meus olhos, paralisa o olho inteiro... Teus olhos... Teus olhos! Mas não há nada com seus olhos nem com o azul das tuas pálpebras. Há, sim, eu, inquieta pelos reflexos incapaz de traduzir os acontecimentos entre uma luz e um silêncio, o complô do teu rosto antigo e o teu ponto de vista testa acima. Nada me aparta! Muda, invento um diálogo de amor adicional inexplicável, impaciente e mortal, como se eu soubesse que me reconhecesse e me avaliasse a minha existência à realidade dos teus olhos velhos, intactos, com “c”, feito duas moedas pretas em safras de mistérios de outros olhos, a tua mais distinguível “Baby”, teu sagrado “amor”. Somos nós que dizemos o que somos e só você sabe como brilha teus olhos pela lua quando levado sob encantamentos, sempre olhos fechados. Acontece comigo o que eu odeio que aconteça nos filmes, na hora *H*, luminosa, me cega, “good evening!” o “The End” não consegue esticar a historia, das coisas mais óbvias, como seu eu fosse alguma coisa dura que se derretesse na água do rio, morna, que passa aqui, em gotas, ansiosa por voltar a uma antiga maciez, que só me vem de você, por que só em você comecei a reencontrá-la, acolchoada e quente.Desajeitada ando tateante de palavras difíceis se você ainda me quer, se ainda me deseja no close final. Eu sei que tens um doce com a letra que nunca entendi... Atraída... “Aparente e intercalada, a lua caminha no teu pescoço como último parágrafo, aquecida no esgar que se reflete nos seus olhos de um” autor de livro “ ou “crítico”, um anônimo simétrico, hermeticamente interessante...Quem é que está contigo? Com ou sem permissão, ruge um profundo amor por você dentro de mim, entranhado em meu ser, que não o atinge, arrastando-me e engolindo-me. Escolhi uma tarde de poente avermelhado, sem o melodrama dos teus desprezos, numa aragem de éter olharei para teus olhos com o enigma de uma enfermeira dopada do brilho de uma misteriosa saúde, deixando sem sentido a solidão do poeta cravejado de dias e dias e dias, da indecifrável face perdida do seu caminhar pelas ruas num sonho que não sonhou ou nem se lembra. Quem agora te ama? Baixo o olhar para lonjuras que não alcanço, mas olho demoradamente em minha carne e além dela, sabe Deus, quando me faço de morta tantas vezes, por que só os mortos são discretos... Habituada ao mundo invisível, ainda queria-te dizer pelo canto dos meus olhos: “Não mergulhe na mentira de outros olhos”.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Pintura

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(arquivo de foto)
Eu sei que se tocasse
com a mão aquele canto do quadro
onde o amarelo arde
me queimaria nele
ou teria manchado para sempre de delírio
a ponta dos dedos.
(Ferreira Gullar)

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A mesma e você

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( Foto: Google)


Sei que agora você está feliz “demais” para poder me ouvir. São muitos os erros, mas eu queria saber onde estão teus olhos para revelar-te um segredo. Ela não é Ela. Você não é Você... uma prova? O “demais” que você quase nem fala, não é “demais por amor dela”. Ela não é Ela. O “demais do seu amor” tem um olho branco e outro vermelho, assim como o amor dela. Mas enquanto o “demais do seu amor” tem o olho direito branco e o esquerdo vermelho, o amor dela tem o olho direito vermelho e o esquerdo branco. Por isso, qualquer argumento que você usar é “demais” ao se chocar até com o último obstáculo pensado em anular qualquer teoria que você fale, deseje, pense, chore ou ria. Apesar da extraordinária coincidências que se mostram como provas definitivas, você e Ela não são os mesmos... É “demais” você pensar que Ela é Ela, e é “demais” Ela pensar que você é você. É bem possível que você pense que Ela é Ela por lembrar de quando Ela pediu para que você colocasse sua maleta no bagageiro e que Ela pense que você é você quando Ela lhe deu permissão para fumar...Veja só, eu (a mesma), não tenho interesse em fazer confusão, eu não sei de nada...Quem é você, quem é Ela? Nem preciso saber se realmente não sei o “meu”lugar, se tudo que “não” aconteceu entre nós, deixo agora como está, vivo como antes,tratando de me perder mais. Você não pode me ouvir...Mas eu ouço você...tudo é subjetivo... É minha concepção do mundo...Meu sonho. A mesma que era a mesma, dentro de exatamente um quarto(das minhas horas) e seu exibido “demais” relógio inglês, era a mesma, quando mesma, tão Eu bebi tua água inglesa explicando sentimentos inexplicáveis sem pudores britânicos, era a mesma, tão pequena ponteira dentro do espelho do teu relógio, a recitar-lhe nos arredores seus poemas sem pressa,uma Lerette num verdadeiro quarto de horas cartesiano.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

And

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Você estava e eu cheguei
Você saiu e eu fui
Eu voltei e você veio
Eu vim e você parou
Que idéia foi aquela? Ao mesmo tempo..
Um gosto doce desacatou um coração que pulava
Sob a roupa molhada colavam palavras sobre palavras
Meu sonho ressoou como pés que nunca evitaram poças salgadas
Vi claro, como lua mansa um fiapo no traço nu do seu rosto
Não importa!
Comemos a torta de Bom-Bom num momento que não era o fim...
Mas parecia ser..

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Inscrição

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Tudo devidamente cadastrado, porque dizem e me ensinaram “é anti-científico confiar na memória”.Daí a importância do “cadastro”, é um referencial (percepto , imagem, memória),e separado em fichas: miologia, osteologia e toda a “gia” com gabaritos: unhas, cabelos, pescoço, lóbulo...Engraçado, as vezes um lóbulo é tão essencial ou é todo um referencial da orelha...Mas ali, diante dos meus olhos(um mundo que só eu enxergo) uma rara voz, avulsa, mais corda vocal do que peito, pediu-me a caneta com a mão rosada na palma, no dorso mulato, no rosto um idoso com espírito de doador da medula óssea, pretendendo preencher o “cadastro”... Explicado que não poderia (devido a idade), a expressão triste tomou-lhe a face, despediu-se e enrolou os documentos que estavam em suas mãos num maçinho da carteira; lento seu braço fez um ângulo para abrir o guarda-chuva...Sem cadastro, sem idade, sem preconceitos ou títulos, sem querer deixar impressão falou uma regra luminosa”Te logo, fiquem com Deus”. Dentre as semelhanças e diferenças, pensei nele a caminhar com sua boina na chuva fina que descia do céu e como sua altura se igualava as sombrinhas por todos os lados . Ele tentou aumentar em mais “UM” o Registro Nacional de Doadores no Brasil, que é o segundo em numero absoluto de transplantes de órgãos e tecidos do mundo, não se importando com tempo nenhum (idade ou meteorologia). Faltou-lhe algum detalhe a mais na informação sobre a boa vontade de ser um voluntário, mesmo assim já é excelente, depois que a CPI do tráfico de órgãos deu transparência quanto aos hospitais que fazem o transplante, quanto aos laboratórios autorizados para exames e relação das pessoas que já morreram e as que aguardam a busca pela medula, e quanto a possibilidade de ser um doador declarado em condições aptas por morte cerebral ou corporal, a lei dá respaldo e fica esclarecido: O transplante só poderá ser efetuado se a família concordar. Ser um doador é acreditar em vida na vida...


segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Machuca

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Espalhei mel da colônia, creme na casca castanha, dilacerada pele. Empurrei as folhas que ainda me apura(não na amargura)...Aquelas que sonâmbulo esbarrastes, à flor da pele, transformando cabelos em poemas que balançam. Poderá me achar feia, se por tempos me vejo atirada de meus braços para os teus, sem cortes e melada em gotas vivas, distinta das outras como todas outras...Crente e melosa por ter encontrado uma fórmula, mesmo com tudo tão definido ao redor e jamais precisa aos teus olhos (já não mais envolvidos )a me procurar. Escondida entre espinhos, não me achas...Esquecestes...Eu não: “Uma vez fui flor”... A tua flor. Hoje, já sem galardão nos teus versos, prosas e poemas...Contundente procuro e encontro uma prosa ...”Toda história tem um vilão”... Concluente
encontro e procuro”Na minha história tem você( meu amor) e um violão”...E há mais algumas coisas entre minha cabeça e o chão do que sonha minha vã poesia...Há tuas mãos a dedilhar a viola fazendo-me mexer os quadris ao som da tua pele...Dançando, dentro, fora, anterior a Deus, a mim, a ti...Prá mim é o que importa. E atrás da tua porta, o que importa? Sei que o pó de amante não preenche espaços do teu cartão postal, onde transbordas em vales, montanhas e varandas ao luar...Preso a pinturas, não vês a poeira da carne da flor, seca, que ainda pede vento para agitar-se como bandeira, diante dos olhos teus, que cultivam rosas a meio-pau.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Invasão

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Penso em beijos, desde (a) manhã. Varri, cozinhei, lavei louças pensando em beijos. Teus beijos por ti citados e protegidos, musicados e protegidos, contados eroticamente e ...Protegidos...Não digo que são horas perdidas, porque eles não me ousam durante o dia nem nos sonhos. Tem o seu tempo, momento e o seu lugar...Tanto que nem percebo quando se vai.
Achas estranho a minha vida? De manhã, não durmo, à tarde no serviço espero oito badaladas do relógio com a mesma calma que movem os fetos, curvando-me com mudez, até da sua, como se olhasse a morte de um embrião, sem esperas, convocada ou não, surpreendente ou não, mal adivinhada ou remota... Tudo me põe de sobreaviso diante destes Césares, só, “tento” não confundir-me quanto aos planos de Deus...É aí, que começo a existir, entre renques auto-clavados ou não, também espero minha hora...Como esta, que nem adivinhas o menor gesto meu prá você...Estás em funda meditação, tão longe que meu zumbido não te lembra os das abelhas que trazem mel, nem minhas formas grandes se parecem com as das ninfas brancas que se guardam prá você no jardim antigo dos teus olhos. Eu queria varar com meus olhos suas citações protegidas, e ver algum argumento decisivo não protegido sobre minhas sardas peremptas não combinarem com grinaldas...Mas, tá, meu bem! Não te escondo que levo todo tempo, ainda, engano o tempo, gasto todo tempo, destruo o tempo, passo quando não tenho tempo por estas frinchas que me revelam tua presença e teus beijos...

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Vale Lembrar

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“Se não tivesse o amor,

Melhor era tudo se acabar”.
(Vinícius de Moraes)