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sexta-feira, 9 de julho de 2010

Reflexos

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Não fui uma mulher de quarenta anos a vida toda e descalça pareço ainda mais baixa do que imagina. Por cima do seu ombro, o seu rosto, visto pelo canto dos meus olhos, paralisa o olho inteiro... Teus olhos... Teus olhos! Mas não há nada com seus olhos nem com o azul das tuas pálpebras. Há, sim, eu, inquieta pelos reflexos incapaz de traduzir os acontecimentos entre uma luz e um silêncio, o complô do teu rosto antigo e o teu ponto de vista testa acima. Nada me aparta! Muda, invento um diálogo de amor adicional inexplicável, impaciente e mortal, como se eu soubesse que me reconhecesse e me avaliasse a minha existência à realidade dos teus olhos velhos, intactos, com “c”, feito duas moedas pretas em safras de mistérios de outros olhos, a tua mais distinguível “Baby”, teu sagrado “amor”. Somos nós que dizemos o que somos e só você sabe como brilha teus olhos pela lua quando levado sob encantamentos, sempre olhos fechados. Acontece comigo o que eu odeio que aconteça nos filmes, na hora *H*, luminosa, me cega, “good evening!” o “The End” não consegue esticar a historia, das coisas mais óbvias, como seu eu fosse alguma coisa dura que se derretesse na água do rio, morna, que passa aqui, em gotas, ansiosa por voltar a uma antiga maciez, que só me vem de você, por que só em você comecei a reencontrá-la, acolchoada e quente.Desajeitada ando tateante de palavras difíceis se você ainda me quer, se ainda me deseja no close final. Eu sei que tens um doce com a letra que nunca entendi... Atraída... “Aparente e intercalada, a lua caminha no teu pescoço como último parágrafo, aquecida no esgar que se reflete nos seus olhos de um” autor de livro “ ou “crítico”, um anônimo simétrico, hermeticamente interessante...Quem é que está contigo? Com ou sem permissão, ruge um profundo amor por você dentro de mim, entranhado em meu ser, que não o atinge, arrastando-me e engolindo-me. Escolhi uma tarde de poente avermelhado, sem o melodrama dos teus desprezos, numa aragem de éter olharei para teus olhos com o enigma de uma enfermeira dopada do brilho de uma misteriosa saúde, deixando sem sentido a solidão do poeta cravejado de dias e dias e dias, da indecifrável face perdida do seu caminhar pelas ruas num sonho que não sonhou ou nem se lembra. Quem agora te ama? Baixo o olhar para lonjuras que não alcanço, mas olho demoradamente em minha carne e além dela, sabe Deus, quando me faço de morta tantas vezes, por que só os mortos são discretos... Habituada ao mundo invisível, ainda queria-te dizer pelo canto dos meus olhos: “Não mergulhe na mentira de outros olhos”.

2 comentários:

K*** mulher do céu que texto é esse? cheio de marcações que são pausas de vida inteira...um roteiro perfeito descrito num so gole, numa única ância de boca seca... " a lua caminha no teu pescoço" minha amiga faça desse trecho um titulo para um livro de contos...esse amor-maré sem aviso de chegada ou partida...esse amor que doi como que as mãos quisessem retê lo mas como água é escorrido...

Parabéns...grande beijo....K***ISS

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